Espacios. Vol. 33 (1) 2012. Pág. 42 |
Padrões de Consumo Consciente: Identificando Segmentos de MercadoConscious consumption patterns: Identifying market segmentsPatrones de consumo consciente: Identificando segmentos de mercadosAne Grasiele Gomes de Freitas, Daniel Carvalho de Rezende y Aline Sediyama |
5. Considerações FinaisA exposição das principais características dos consumidores de Divinópolis com destaque para o interesse nas atitudes individuais e coletivas, as ações conscientes na escolha de produtos e empresas ecologicamente corretos, a sensibilização de outros sobre necessidades e desejos, a preocupação com a conveniência, os maus hábitos da vida moderna e aspectos produtivos e climáticos, possibilitou a identificação de 3 segmentos distintos de consumidores. As respostas sobre a percepção das pessoas acerca do envolvimento empresarial no campo social e do efeito de uma postura responsável na construção positiva de imagem institucional e nas decisões de consumo ainda são inconclusivas. Verificou-se nos agrupamentos que a motivação para cobrar dos governantes municipais mais atenção às questões socioambientais para melhorar a qualidade de vida de todos, bem como os cuidados com questões simples no cotidiano, ainda são tímidas. Do ponto de vista gerencial, a divulgação dos programas de marketing social e o incentivo por parte da iniciativa privada ao consumo consciente devem diferir entre os segmentos com base em diferenças de idade, estado civil, hábitos de mídia, entre outras. Por exemplo, jovens solteiros demonstram descrença na mídia, barganham mais em função de menor renda e delegam ao Estado a responsabilidade de promoção do bem estar social, enquanto adultos e idosos casados mostram-se mais conscientes e dispostos a descartar o lixo de modo adequado, evitar o desperdício de água e energia para redução de gastos domésticos, a preservar bens públicos e apoiar movimentos sociais. Como a oportunidade para atingir os jovens não pode ser negligenciada, consideram-se atrativas estratégias de marketing social em atividades turísticas, bares, festividades locais e mensagens que destaquem o consumo consciente em rótulos e embalagens de produtos inovadores. Para o grupo “Conscientes” orienta-se a promoção de produtos verdes, enfatizando a qualidade, o processo de fabricação e os esforços empresariais para entregar mercadorias com valor superior sem desprezar os impactos socioambientais no processo. Neste contexto, sugere-se que as empresas evitem o repasse dos custos com ações sociais e ambientais aos consumidores, visto que os resultados confirmaram os do Instituto Akatu (2006) que rendimentos mais baixos não refletem menor acesso à informação e a atitudes menos responsáveis no cotidiano. O segmento de “Críticos” parece se dedicar mais à conveniência e deixar para o poder público os problemas da nova ordem econômica. Os Críticos não se comprometem com programas ou organizações adeptas da responsabilidade social e não acreditam no poder das escolhas individuais para transformação de maus hábitos. Estes consumidores podem ser atingidos por meio de orientações online sobre o consumo consciente, tanto em portais corporativos, emails como em banners em diversos sites, uma vez que eles são os maiores usuários de internet. Apesar de não se destinar especificamente à indústria, este modelo de segmentação de consumidores conscientes fornece informações relevantes sobre as facetas de opiniões e atitudes entre os consumidores ainda pouco exploradas nas pesquisas em marketing. O estudo destaca que a associação da marca ou imagem a uma causa considerada relevante pelo público e comunicada devidamente pode despertar o interesse e a fidelidade dos consumidores, mas não pode ser apreendida de maneira positiva por todos. Para a associação de uma empresa a uma causa ser válida e apreciada, prioriza-se a integração de ações sociais ao planejamento estratégico geral e a divulgação clara, com estilos e canais de comunicação convenientes a cada público para que os consumidores entendam o envolvimento real da corporação e desmistifiquem a ideia de exploração de causas. Sugere-se ainda o convite aos consumidores para se envolverem nos temas de interesse público (práticas verdes), em projetos sociais corporativos a fim de desenvolver habilidades no processo de consumo consciente. Por fim, a concepção de que os consumidores são abordados apenas com “produtos verdes”, como um nicho a ser atendido pelo espaço das gôndolas dos supermercados está longe de imperar. A compreensão das decisões dos consumidores conscientes exige abordagens mais sofisticadas, desde a proposição de um modelo ético de tomada de decisão até a compreensão da construção da identidade do consumidor pelos discursos de consumo consciente. Pesquisas mais aprofundadas sobre atitudes e comportamentos em relação a práticas de marketing social ainda são necessárias para se compreender o perfil do consumidor consciente. 6. Referências BibliográficasADKINS, S. (2005) Marketing de causas sociais: quem se importa, ganha. IN: BAKER, M. J. (org.). Administração de Marketing: um livro inovador e definitivo para estudantes e profissionais. Rio de Janeiro: Elsevier, p.477-494. AMERICAN MARKETING ASSOCIATION (2010)Definition of Marketing, 2007. Disponívelem:<http://www.marketingpower.com/AboutAMA/Pages/DefinitionofMarketing.aspx>. Acesso em: 02 fev. 2010. ANDREASEN, A. R. (2003) The life trajectory of social marketing: some implications. Marketing Theory, London, v. 3, n.3, p. 293-303. ARAÚJO, E. T. de. (2001) Estão “Assassinando” o Marketing Social? Uma reflexão sobre a aplicabilidade deste conceito no Brasil. Revista Eletrônica de Administração, v.7, n.5, set./out., p. 1-12. ARAÚJO, M. M.; MOREIRA, A.; ASSIS, G. (2004) Significado de responsabilidade social de empresas para o consumidor. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, v.4, n.2, p.85-116. AUTIO, M.; HEISKANEN, E.; HEINONEN, V. (2009) Narratives of green consumers: the antihero, the environmental hero and the anarchist. Journal of Consumer Behaviour, v.8, p. 40-53. BEKIN, C.; CARRIGAN, M.; SZMIGIN, I. (2007) Beyond recycling: “commons friendly” waste reduction at a new consumption communities. Journal of Consumer Behaviour, v.6, Sep./Oct. 2007, p. 271-286. BELK, R.W.; DEVINNEY, T.M.; ECKHARDT, G. (2005) Consumer ethics across cultures. Consumption, Markets and Culture, v.8, p.275-289. BHATTACHARYA, C. B.; SEN, S. (2004) Doing better at doing good: when, why, and how consumers respond to corporate social initiatives. California Management Review, v.47, n.1, p.9-26. CARRIERI, A. P.; SILVA, A. R. L. DA; PIMENTEL, T. D. (2009) O tema proteção ambiental incorporado nos discursos da responsabilidade social corporativa. Revista de Administração Contemporânea, v.13, n.1, art.1, jan./mar. 2009, p.1-16. CARRIGAN, M.; ATTALA, A. (2001) The myth of the ethical consumer – do ethics matter in purchase behavior? Journal of Consumer Marketing, v.18, n.7, p.560-577. CHARTERED INSTITUTE OF MARKETERS. (2010) Marketing and the 7Ps: a brief summary of marketing and how it works, 2005. Disponível em: <http://www.cim.co.uk/KnowledgeHub>. Acesso em: 02 fev. 2010. DANN, S. (2010) Redefining social marketing with contemporary commercial marketing definitions. Journal of Business Research, v.63, p. 149-153. GABRIEL, Y.; LANG, T. (2008) New faces and new masks of today´s consumer. Journal of Consumer Culture, v.8, n.3, p.321-340. GAULEJAC, V. de. (2007) Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. São Paulo: Idéias e Letras. 344p. GJÖLBERG, M. (2009) The Origin of Corporate Social Responsibility: global forces or national legacies? Socio-Economic Review, v.7,p.605-637. GONÇALVES-DIAS, S. L. F.; TEODÓSIO, A. S. S.; CARVALHO, S.; SILVA, H. M. R. (2009) Consciência ambiental: um estudo exploratório sobre suas implicações para o ensino de administração. RAE-eletrônica, v.8, n.1, jan./jun. 2009. HAIR JR., J. F.; ANDERSON, R. E.; TATHAN, R. L.; BLACK, W. C. (2005) Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman.. HASTINGS, G.; SAREN, M. (2003) The Critical Contribution of Social Marketing: theory and application. Marketing Theory, v.3, n.3, p.305-322. HOOGHIEMSTRA, R. (2000) Corporate communication and impression management: new perspectives why companies engage in corporate social reports. Journal of Business Ethics, v.27, n.1-2,p.55-68. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. (2003) Princípios de Marketing. 9 ed. São Paulo: Prentice Hall. KOTLER, P.; KELLER, K. L. (2006) Administração de Marketing. 12 ed. São Paulo: Prentice Hall. KOTLER, P.; ROBERTO, E. L. (1992) Marketing social: estratégias para alterar o comportamento público. Rio de Janeiro: Campus. KOTLER, P.; ZALTMAN, G. (1971) Social marketing: an approach to planned social change. Journal of Marketing, v.35, n.3, p.3-12, July 1971. INSTITUTO AKATU (2007) Pesquisa nº 7, 2006: como e por que os brasileiros praticam o consumo consciente? São Paulo: Instituto Akatu. INSTITUTO AKATU (2005) Pesquisa nº 5, 2004 – consumidores conscientes: o que pensam e como agem. São Paulo: Instituto Akatu. LAGES, N. S.; VARGAS NETO, A. (2002) Mensurando a consciência ecológica do consumidor: um estudo realizado na cidade de Porto Alegre. In: ENANPAD, 26, 2002, Salvador. Anais... Salvador: ANPAD. MAGALHÃES, J. M. DE; DAMACENA, C. (2007) Estudo dos Efeitos da Responsabilidade Social Corporativa e do Envolvimento sobre o Comportamento do Consumidor. . In: ENANPAD, 31, 2007, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, p. 1-16. 1 CD-ROM. MAIGNAN, I.; FERRELL, O. C. Corporate social responsibility and marketing: an integrative framework. (2004) Journal of the Academy of Marketing Science, v.32, n.1, p.3-19. MOISANDER, J. (2007) Motivational complexity of green consumerism. International Journal of Consumer Studies, v.31,p.404-409. MORH, L. A.; WEBB, D. J.; HARRIS, K. E. (2001) Do consumers expect companies to be socially responsible? The impact of corporate social responsibility on buying behavior. The Journal of Consumer Affairs, v.35, n.1, p.45-72. MOSTAFA, M. M. (2007) A Hierarchical Analysis of the Green Consciousness of the Egyptian Consumer. Psychology & Marketing, v.24, n.5, May 2007, p.445-473. NEWHOLM, T.; SHAW, D. (2007) Editorial: Studying the ethical consumer: a review of research. Journal of Consumer Behaviour, v.6, p. 253-270. OZCAGLAR-TOULOUSE, N.; SHAW, D.; SHIU, E. In search of fair trade: ethical consumer decision-making in France. (2006) International Journal of Consumer Studies, v.30, n.5, p. 502-514. PEATTIE, S. PEATTIE, K. (2003) Ready to fly solo? Reducing social marketing’s dependence on commercial marketing. Marketing Theory, 3, p.365-385. PORTILHO, F. (2005) Sustentabilidade ambiental, consumo e cidadania. São Paulo: Cortez. PORTNEY, P. R. The (Not So) New Corporate Social Responsibility: an empirical perspective. (2008) Review of Environmental Economics and Policy, v.2, n.2, p.261-275. ROMEIRO, M. C. (2006) Um estudo do comportamento do consumidor ambientalmente favorável: uma verificação na região do ABC paulista. Tese de Doutorado. São Paulo: USP. RUPP, D. E.; GANAPATHI, J.; AGUILERA, R. V.; WILLIAMS, C. A. (2006) Employee reactions to corporate social responsibility: an organizational justice framework. Journal of Organizational Behavior, v.27, p.537-543. SCHIFFMAN, L. G.; KANUK, L. L. (2000) Comportamento do Consumidor. 6 ed. Porto Alegre: LTC. SEN, S.; BHATTACHARYA, C. B. (2001) Does doing good always lead to doing better? Consumer reactions to corporate social responsibility. Journal of Marketing Research, v.38, n.2, p.225-243. SERPA, D. A. F.; FOURNEAU, L. F. (2007) Responsabilidade Social Corporativa: uma investigação sobre a percepção do consumidor. RAC-eletrônica, v.11, n.3, jul./set. 2007, p. 83-103. SILVA, D.; SCHOMMER, P. C. (2009) Responsabilidade social empresarial na mídia: avanços e desafios. In: III ENAPEGS, Anais... Juazeiro-Petrolina. SZMIGIN, I.; CARRIGAN, M.; McEACHERN, M. (2009) The conscious consumer: taking a flexible approach to ethical behavior. International Journal of Consumer Studies, v.33, p. 224-231. VAALAND, T. I.; HEIDE, M.; GRONHAUG, K. (2008) Corporate social responsibility: investigating theory and research in the marketing context. European Journal of Marketing, v.42, n.9/10, p.927-953. XAVIER, W. S.; SANTOS, D. O.; MARTINS, G. S. (2007) Responsabilidade Social Empresarial: quais os impactos no comportamento do consumidor. In: ENANPAD. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, p. 1-16. 1 CD-ROM. WOODS, M. K. Diretrizes para elaboração de um programa de marketing relacionado a causas de sucesso. (2010) IN: WOODS (org.). Guia Prático de Marketing Relacionado a Causas: diretrizes e casos. São Paulo: IDIS, 2007. Disponível em: <http://www.idis.org.br/biblioteca/publicacoes/guia-mrc-revisado-final1.pdf/view>. Acesso em: 08 fev. 2010. ZENONE, L. C. Marketing social. São Paulo: Thomson Learning, 2006. |
---|
[anterior] [inicio] |
---|
Vol. 33 (1) 2012 [Índice] |